Comércio eletrônico ganha espaço nas franquias
Comércio eletrônico ganha espaço nas franquias
Antes visto como inimigo, o comércio digital tornou-se, recentemente, um aliado do setor de franquias. É o que mostra o balanço do primeiro trimestre de 2019, divulgado pela ABF, que identificou a presença do canal em 61,1% das redes, um crescimento de quase 20%, se comparado ao mesmo período de 2018.
Em quase a metade das redes (48,1%), os franqueados participam, sendo que o formato predominante é o de comissão sobre as vendas (79,2%), seguido de loja virtual do franqueado (9,1%) e aplicativo de delivery (7,2%).
Marcas mais experientes
enfrentam resistência
Tradicional no setor de franquias, a 5àSec enfrentou oposição dos franqueados mais antigos ao inserir o e-commerce, principalmente dos que não têm tanto contato com o mundo digital. “Estamos trabalhando fortemente junto à rede para o entendimento da ferramenta, seus benefícios e sua importância no momento atual da economia, e dos novos padrões de consumo e acessibilidade dos mais diferentes canais de vendas”, explica o CEO Brasil da rede Fábio Roth.
No site, o cliente solicita os serviços da empresa e a loja mais próxima, por meio do delivery, retira as roupas, processa e devolve no local indicado. A gestão da plataforma é feita pela franqueadora, mas operada pelos franqueados.
“Hoje, a plataforma sem divulgação e impulsionamento já representa quase 1% do faturamento bruto, o que será feito após os 100% de adesão dos franqueados que deve ocorrer até o final de junho. Dentro disso, nossas estimativas é que o faturamento até o final do ano dobre no canal”, explica Roth.
Customização do tratamento diminui atritos
O e-commerce da Liz Lingerie & Conforto ainda é recente, mas já tem uma meta para cumprir a curto prazo: deve corresponder a 15% do faturamento. A CEO da marca Lígia Buonamici acredita que a ferramenta será útil para aumentar a margem com a expansão do faturamento e ampliar as possibilidades de conhecimento da consumidora.
Os franqueados ainda não participam totalmente da plataforma, mas é um dos próximos projetos que têm sido trabalhados pela Liz. As gestões, inclusive, ainda são separadas. “Houve uma resistência no início, um mal-estar entre os canais, mas o que nós fazemos e sempre fizemos é uma harmonização da precificação. Foco nas fortalezas de cada canal, ações de marketing em comum e específicas, além de um treinamento diferenciado para franquias. Esse tratamento customizado eliminou os atritos”, explica Lígia.
Franqueado envolvido desde o início
Na Bibi, o e-commerce tenta transformar todas as jornadas do consumidor em apenas uma, seja física ou virtual. Dessa forma, o site permite que o cliente retire compras on-line na loja ou vá até a franquia e compre um produto no site. “Quando começamos lá atrás, com as primeiras iniciativas, a maioria via o e-commerce como inimigo. Hoje, com os benefícios que o franqueado obtém, bem como com o entendimento que o consumidor está no centro, grande parte da rede já está engajada nos projetos”, comenta a presidente da marca Andrea Kohlrausch.
Atualmente, o e-commerce representa 3,14% do faturamento da empresa. “Os franqueados participam de todos os projetos de inovação e tecnologia que abrangem toda a rede”, explica Andrea.
Intuitivo nas franquias mais novas
Todos os produtos vendidos pela Nação Verde estão disponíveis tanto nas lojas, quanto no site. Se o consumidor comprar pelo e-commerce, a franquia mais próxima fica encarregada de enviar a encomenda. “Sendo dessa forma, os franqueados também conseguem participar da rede do e-commerce, porque é ele que monta o pedido e faz a postagem nos Correios”, explica o CEO e fundador da marca Ricardo Cruz.
O valor pago pelo cliente no site é depositado em uma única conta da franqueadora e repassada para os franqueados no mês seguinte. “É importante dizer que o lucro pertence totalmente ao franqueado, só existe uma taxa de 10% para a franqueadora”, explica Cruz.
O faturamento do e-commerce corresponde a 11% da rede, atualmente. Como a marca já nasceu com o comércio eletrônico, não houve resistência por parte dos franqueados, segundo o executivo.
Por meio do CEP do cliente, o comércio eletrônico da Maria Brasileira já direciona a demanda para a franquia mais próxima, de forma integrada. Atualmente, a plataforma corresponde a 2% do faturamento da marca. “Por meio da plataforma de gerenciamento, o franqueado faz o acompanhamento dos prestadores de serviço em tempo real, recebe todos os agendamentos no sistema da unidade e pode fazer a solicitação de resgate dos valores que ele tem pendente para receber via plataforma”, explica Eduardo Pirré, fundador e diretor de inovação da Maria Brasileira.
O e-commerce da marca permite, ainda, que o cliente faça a contratação durante 24 horas, sete dias por semana, o que aumenta a produtividade das unidades franqueadas, sem necessidade de contratação.
Questões legais
prejudicam franchising
Superada a questão da familiaridade com o comércio eletrônico, o franchising esbarra em outra complicação para que a ferramenta tenha perfeita aderência à rotina: tributária. “Pela legislação atual, a devolução de um produto tem que ser feita para o mesmo CNPJ em que a compra foi feita. O que acontece, de fato, é que o consumidor não quer saber qual foi o CNPJ e sim, a marca. Diante desse contexto, ele exige que os franqueados recebam e troquem estes itens. Na prática, muitas redes têm aceitado isso, mas de forma irregular”, comenta o especialista da consultoria GoAkira José Carlos Fugice.
Por se tratar de unidades independentes, sob gestões individuais, as franquias não podem compartilhar estoque nem entre si, nem com o e-commerce.
No entanto, a adoção do “clique e retire” é uma estratégia acertada, e que tem ganhado contornos cada vez mais reais nas franquias. Nessa modalidade, o cliente escolhe, pelo site, em qual loja vai retirar o produto.
“Em alguns casos, o franqueado despacha a mercadoria para o consumidor final. Isso pode se tornar uma grande vantagem competitiva, pois a unidade local pode atender a demanda com maior agilidade e menores custos para o cliente”, complementa o especialista. Nesse caso, acontece a valorização da loja física enquanto ponto de contato com o cliente.
Saiba Mais:
Como funciona a integração de plataformas
na Bibi?
1. Retira na Loja: compra do e-commerce e se desloca até a loja para retirar o produto que sai do estoque do on-line
2. Clique e Retire: compra no e-commerce e retira o produto em um curto tempo, que sai do estoque do franqueado
3. Prateleira Infinita: vende um produto do estoque do e-commerce quando o cliente está no PDV. Esta funcionalidade faz com que o cliente não saia sem o produto desejado