Maternidade após os 40 anos
Muitas mulheres optam pela dedicação aos estudos e à carreira antes de engravidar
Há nove anos, a coordenadora de projetos sociais da Fundação Volkswagen, Sandra Maria Viviani, de 49 anos, se casou pela segunda vez e tomou uma decisão: ter mais um filho. A gravidez aconteceu algum tempo depois, em 2012, e no dia 25 de dezembro do mesmo ano nasceu a pequena Giovanna Viviani.
“Na época, a minha filha mais velha, a Giulia, já era adolescente (hoje está com 23 anos) e o meu então marido sonhava em ser pai. Durante um tempo eu até achei que estava velha para isso e que não daria conta de uma criança pequena, mas a vontade acabou falando mais alto”, conta.
Com uma gestação sem problemas, ela fez o pré-natal normalmente, apenas com mais atenção ao ultrassom morfológico, que possibilita identificar algumas doenças ou malformações do bebê, e a ingestão de vitaminas. “E eu queria parto normal, mas a médica disse que era um risco por conta da idade. Tirando isso, foi tudo muito tranquilo, até mais do que quando tive a primeira filha, com vinte e poucos anos, creio que justamente pela minha maturidade”, complementa.
Estabilidade e gravidez tardia
Sandra faz parte de um grupo que só cresce: o de pessoas que têm filhos tardiamente. De acordo com balanço da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a gravidez em mulheres com mais de 40 anos aumentou 50% nos últimos dez anos. Em 2018, foram 23.384 partos, contra 15.396 em 2008.
“Atualmente, a medicina tem vários exames e nossos corpos já aguentam bem uma gravidez com mais idade. A vida é tão corrida, com estudos e carreira, que é normal pensarmos em termos filho, se tivermos, só mais tarde”, analisa a coordenadora de projetos sociais.
Segundo a ginecologista do Hospital Adventista Silvestre Márcia Barbosa Vieira, não existe mais a idade ideal para engravidar. “A mulher conquistou a sua independência e está optando pela estabilidade profissional ou emocional antes de se tornar mãe”. Mas será que há riscos em ter filhos após os 40 anos? E é possível engravidar naturalmente? A seguir, a médica responde suas dúvidas.
Chances de engravidar naturalmente
A mulher nasce com um número de óvulos para a vida toda e, conforme envelhece, essa quantidade, assim, como a qualidade, diminui. Esse é um processo natural e que não pode ser impedido. No geral, a fertilidade feminina entra em declínio aos 35 anos e chega ao fim na menopausa. É especialmente por esse motivo que, com a proximidade dos 40 anos, as gestações espontâneas ficam um pouco mais difíceis.
Ajuda da ciência
O avanço da medicina trouxe muitas possibilidades para as mulheres que desejam postergar a gestação. Uma delas é o congelamento de óvulos, que garante a qualidade do material genético para quando a decisão for tomada. O que também permite realizar o sonho da maternidade, quando ela não ocorre de forma natural, são as técnicas de reprodução assistida (indução da ovulação, fertilização assistida e inseminação artificial).
Cuidados necessários
É importante que a mulher se prepare para uma gestação saudável após os 40 anos. Para isso, deve realizar um check-up clínico periódico, iniciar o uso de algumas vitaminas antes da gestação, como o ácido fólico, fazer atividade física regular e atualizar o cartão de vacinas no período adequado. Durante o pré-natal, tem de fazer todos os exames de rastreio para as doenças maternas do período e das patologias do bebê, bem como consultas com intervalos regulares a critério do pré-natalista e de acordo com as necessidades de cada uma.
Riscos da gestação tardia
Após os 40 anos, as gestantes têm mais chance de desenvolver diabetes gestacional, hipertensão arterial, pré-eclampsia ou eclampsia. Também aumentam os riscos de abortamento e parto antes da 38ª semana e, para o bebê, o desenvolvimento de alguma cromossomopatia – a mais comum delas é a Síndrome de Down.